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Mostrando postagens de janeiro, 2005

vê o que se quer

Na entrada da empresa, encontrei o João, que ainda não sabia que eu não trabalhava mais lá. Estava chovendo. Eu estava com uma blusa vermelha que talvez combinasse com o meu guarda-chuva bordô. E ele disse: “Nossa, como você está irradiante!” Lá dentro, os que já sabiam da notícia me olhavam em silêncio. Fico imaginando o que pensavam ao me ver: “Olha só a cara dela, que tristinha”. É incrível como as pessoas vêem o que querem ver.

arquivo-morto

Na minha última semana de trabalho fui até o arquivo-morto da empresa procurar um documento que havia sido perdido. É um lugar esquecido, talvez poucos funcionários o conheçam. Para chegar lá, é preciso passar por um corredor com várias portas, que geralmente está com todas as luzes apagadas. Então se sobe uma escada de madeira improvisada, sem corrimão, e chega-se no teto do prédio. Lá de cima há uma bela vista da gráfica, das máquinas funcionando, das pilhas de livros e dos funcionários, que nem sequer imaginam que você está lá em cima. Fiquei parte da tarde naquele lugar meio escuro, empoeirado, junto a lâmpadas quebradas e caixas de vários departamentos. Eu e o silêncio. Às vezes cantava, revirando aquelas pilhas de documentos esquecidos. Ninguém lembrava deles, que um dia foram descartados, ninguém lembrava do arquivo-morto que os abrigava, naquele momento ninguém devia lembrar de mim, misturada à poeira e às caixas velhas. E eu já estava mais próxima do arquivo-morto do que del

currículo paulistano

No ano passado cheguei em São Paulo dois dias depois do aniversário da cidade. Peguei apenas os resquícios da festa dos 450 anos. Foi este, então, o primeiro aniversário de São Paulo que acompanhei de perto, e bem de perto por sinal, pois moro a duas ruas da Avenida Paulista, onde acontece uma grande festa. Saí de casa e vi apenas uma pequena alteração no movimento da região. Algumas barracas de cachorro-quente instaladas nas esquinas, pessoas chegando para o evento e a rota de ônibus desviada: todos passando em frente à minha casa. O céu cinza, nublado. Entrei no Center 3: movimento normal. “Ué? Cadê a muvuca, a multidão, a confusão, que nem eu vejo na TV? Já sei: quando chegar na Paulista, vou levar um susto, não vai dar nem para andar!” Fui pela Augusta e quando vi a Paulista: deserta! Percebi que o show era mais distante, lá pela altura do Trianon-Masp. (Que coincidência: no momento em que escrevo toca Adoniram – “Arnesto nos convidou”, Iracema e As mariposa) E não dava para

novo quadro

estou criando um novo quadro para o meu blog. Não sei ainda se vai rolar. É o "eu tive coragem" e "eu não tive coragem". Pelo menos uma participação ele já tem. É esta: "Eu não tive coragem de comer Yakisoba de rua"