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Mostrando postagens de fevereiro, 2005

as janelas e seus donos

As janelas dos dois prédios se olham, seriam idênticas, se não fosse a peculiaridade de seus donos. A minha é antiga, dividida em duas partes pesadas que correm para cima e para baixo. Quando me mudei, quebrei o vidro, pois uma das partes emperrou e depois desceu com tudo até o parapeito. Ela oferece duas opções: ou está aberta, com uma "fresta" de quase um metro, ou está totalmente fechada. Os moradores inventam os mais variados acessórios para conseguirem um meio termo. Os objetos mais sofisticados são uns triângulos de madeira que seguram uma das vidraças e possibilitam que a "fresta" seja realmente uma fresta, cumprindo o seu objetivo que é apenas ventilar a casa. O velho que escreve com uma máquina de escrever, lá de baixo, usa listas telefônicas. Tem um apartamento que usa ripas de madeira, amarradas por uma cordinha. Gostei da idéia de um dos meus vizinhos que colocou um rolo de fita isolante para segurar a vidraça. Procurei algo em casa que poderia fazer o

merchandising

À noite, estou novamente no metrô indo para a casa de uma amiga. Em uma estação, sentam-se perto de mim duas senhoras. Uma delas é bem velhinha e pequenina. Seus pés nem conseguem apoiar-se no chão. (Lembro-me agora daquelas fotos de quando eu era criança. Eu sentada no sofá da minha casa da vó e meus pés completamente no ar, não dava nem para dobrar o joelho.) A senhora me chama a atenção, não consigo parar de olhá-la, talvez porque seja muito idosa. Tento distrair o meu olhar com outras coisas e quando volto a observá-la, percebo algo em seu peito que não havia notado antes. Será que ela colocou de propósito ou a bolsa estava escondendo? Era um broche enorme, redondo, escrito: “Aparência mais jovem, pergunte-me como”.

programa de jóias 2

Os programas de jóias também vendem relógios. Enquanto ninguém os compra, observo os ponteiros dourados dos segundos darem suas voltas tran-qui-la-men-te e cosn-tan-te-men-te no relógio apoiado no pulso da mulher da face misteriosa. O programa, apresentado em avançadas horas da noite, seria um excelente sonífero, se não me desse a idéia de escrever este post e me fazer levantar da cama para pegar uma caneta e um bloquinho.

do metrô

Fico imaginando essas gincanas que aparecem em programas de TV. Penso que os paulistanos seriam os melhores em uma das modalidades –a dança da cadeira. Eles a praticam diariamente, como posso observar agora na estação Barra Funda em mais um fim de expediente. Quando as portas se abrem, a multidão se espreme e se atropela igual boiada quando é tocada pelos peões para entrar no curral. A agilidade dos paulistanos, para no meio da confusão, encontrar um lugar vazio é espantosa. Fico feliz quando consigo encontrar um lugar e estar entre os campeões da brincadeira. Mas esta é uma técnica aperfeiçoada com os anos de experiência. Alguns passos para se aprimorar na dança da cadeira dos metrôs O campeão da dança da cadeira de um dos níveis mais avançados (estação lotada em horário de pico) não pode entrar no primeiro trem que passa. Ele deve deixar os outros passageiros entrarem para ser o primeiro da fila para o próximo trem. Depois disso, deve fazer a seguinte pergunta: “a porta que se abrir

post místico que poderia ter escrito no dia 9 de fevereiro se meu monitor não tivesse pifado

Vejo na TV dragões dançando no meio da multidão. Hoje começa o ano novo chinês. E os repórteres avisam: este é o ano do galo. Meu signo no horóscopo chinês é galo. Tenho algo para comemorar. Sim, hoje recebi a notícia de que passei no vestibular da USP: Letras - noturno. Talvez seja coincidência ou um sinal para eu escolher chinês como língua estrangeira.