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Mostrando postagens de agosto, 2005

mendigos

O leitor que acompanha este blog deve ter perdido a conta de quantos posts meus falam de mendigos. Aos que se irritam com isto, sinto muito, mas não consigo me controlar. Pois é muito difícil passar por eles indiferente, ainda por cima porque muitas vezes estão fazendo coisas curiosas, como dar socos no ar ou falar coisas sem sentido. Toco neste assunto agora, pois foi justamente a minha observação em dois mendigos hoje de manhã que me levou a escrever o post abaixo.

mc dia feliz

Na Paulista, carros em fila com bexigas coloridas, bandas de música. Fuzuê. Na calçada, dois mendigos, um de frente para o outro, devorando seus big macs. De qualquer forma, espero que as crianças recebam o máximo de ajuda possível e possam ficar bem.

Marte mais brilhante

Vi em jornais, recebi por e-mails a notícia de que esta noite Marte estaria tão próximo da Terra como não ficava há 5 mil anos. E diante de previsões que cogitam a possibilidade de que evento parecido pode se repetir talvez só daqui a 60 mil anos, senti-me até no dever de não desperdiçar o fenômeno. Hoje, na despedida de um amigo, algum convidado chegou a lembrar no início da festa da notícia, mas depois de horas de cervejas, cachaças, cantorias, conversas e gritarias, tenho minhas dúvidas de que alguém se lembrava que Marte estava no céu, se é que alguém se lembrava que existia céu. Eu também haveria me esquecido, se quando chegasse em casa não tivesse ouvido antes de dormir uma música que falava sobre o brilho das estrelas e da lua. Então, conferi na agenda do meu micro (sim, eu anotei)o dia e o horário do acontecimento, e me toquei que o pico do evento havia acontecido poucos minutos atrás. Olhei então para o céu entre as persianas e enxerguei somente meu armário refletido na vidra

bbb - barrigas, bebês e baboseiras

Às vezes fico tão envolvida com a idiodice ao meu redor e até com a minha própria, que esqueço que ela está em toda a parte do mundo. Mas ontem uma notinha no jornal fez questão de não me deixar esquecer. Fiquei sabendo que os holandeses, não contentes mais com o tradicional formato do Big Brother, criarão uma nova versão (talvez até porque as variantes com gordos, políticos e o diabo a quatro já estão ficando obsoletas). Agora a casa será ocupada apenas por mulheres grávidas, e que cumpram o requisito de estarem no sexto ou sétimo mês de gestação. Sim, pois a intenção é que as finalistas tenham o parto dentro da casa. Que maravilha...

aniversário

Não quis deixar de fazer esta observação: percebi hoje que meu blog completou um ano há pouco menos de um mês. 30 de julho. Fiz, então, uma visita por todos os posts já escritos. Durante esta longa viagem ao tempo, percebi que meus posts eram muito mais curtos. Hoje arrisco escrever uns maiores, para azar ou (quem sabé até...)sorte do leitor. Não tenho tendência a escrever textos longos ( é até um desafio para mim) e também acho que não dão muito certo para blogs. De qualquer forma penso assim: tudo bem, sejam longos, mas sejam interessantes! Um dia consigo esta proeza!

pés no chão

Depois do sucesso arrebatador de pontos finalíssimos (02/09/2004), que contou com a expressiva participação de 1 comentário, escrevo mais uma de minhas memórias de infância. Às vezes, quando anoto o número de um telefone ou um número qualquer perto de uma pessoa mais observadora, ela comenta: "Nossa, como você faz o três engraçado!" Ou se não: "Olha, você faz o oito diferente!". Sim, sei explicar o porquê. É porque tenho o costume de começar a fazer alguns dos números de baixo para cima. Daí esta sensação das pessoas de que algo está estranho. E imagino que esta minha prática vem de longos anos. Pois tenho ainda forte em minha memória uma cena da minha infância em que desci para o parquinho com minha mãe carregando papéis e lápis de cor. Lembro que sentei no chão, apoiei o papel em um banco de cimento e comecei a elaborar meus desenhos, como sempre fazia. Foi que surgiu uma chilena que morava em um dos apartamentos próximos e falou: - Que curioso! Ela começa a dese

dentro da Lanchonete Angolana

À noite, de volta para casa, do ônibus, ela quase sempre vê na Augusta o mendigo que durante toda a tarde fica na rua ao lado, às vezes quieto, às vezes gritando coisas sem sentido e assustando quem passa. Sim, mas é incrível como que à noite, em frente à Lanchonete Angolana, ele parece ter de volta toda a sua socialidade, sempre com um copo na mão e de vez em quando conversando com alguém. Para ela, ele sempre parecera alguém incapaz de dialogar com quem quer que fosse. Um dia, depois de meses vendo a mesma cena, ela levantou-se antes do seu ponto. Meio hesitante, apertou o botão para parar. Por um momento se arrependeu, mas quando o ônibus parou, não havia ninguém mais para descer,e ela, meio sem jeito, saltou do ônibus. A Lanchonete Angolana estava do outro lado da rua. Pensou em continuar a pé o caminho para casa, mas por que estava alí? Tomou coragem e atravessou a rua. Passou ao lado do mendigo, ele com sempre, estava na calçada, com um copo plástico na mão, e não a percebeu. Ela

sim, peguei o buquê

A mulherada se reunia eufórica e a noiva já estava se preparando, de costas para elas. Disse à colega do meu lado: "Vamos lá". "Fujo disso", ela respondeu. "Da última vez, uma baixinha rasgou o meu vestido". Vi que o negócio podia ser violento mesmo. Depois de insistir em vão, resolvi: "Eu vou lá". Como ficar de fora de umas das brincadeiras femininas mais divertidas nos casamentos? Fiquei no canto. Pensei: "não estou na direção da noiva, só pego se ela tacar bem torto!" O que seria bem improvável, na minha opinião. A noiva, de costas, levou com as duas mãos o buquê para o alto. Momentos de emoção. Gritaria histérica. Senti um leve arranhão da moça da frente no meu dedo, mas não adiantava mais: o buquê estava nas minhas mãos. No dia seguinte: "Não acho que você vai casar agora...". Respondi: "Eu também não". E me lembraram de algo: "Mas segundo a tradição, quem pega o buquê é a próxima a casar". De repente,

Cinco amigos

Cinco amigos em um carro voltando à cidade natal. No caminho partilham as mesmas músicas, porém as músicas soam diferentes em cada uma das mentes. Um dorme a viagem quase inteira. Dois convesam a viagem quase inteira. Dois escutam a viagem quase inteira. E falam de carreira, de trabalho, de viagens, de experiências que tiveram nos mais diversos lugares: Estados Unidos, Londres, Austrália, Ásia, e enquanto isso, ao redor da estrada, bois pastam tranqüilamente nos pastos. Cinco mundinhos de calça jeans dentro de um carro em um ponto do mundo. De repente, o cheiro de usina de cana avisa que a viagem logo acabará. Quem dormia, acorda. Quem falava, emudece. Quem ouvia, se mexe e fala algumas palavras. A bucólica paisagem da estrada que chega à cidade desperta as mais variadas sensações nos cinco viajantes. Momento de silêncio. O vento entra pelas janelas e bate nas caras e nos cabelos. Os pensamentos são tantos que tomam conta de todo o espaço do carro. Ao acaso, pego o daquele que não nasc

fragmentos eróticos

É possível se ter uma idéia de como se falava de sexo vários séculos antes de Cristo através da produção de poetas gregos e latinos. Muito do que restou são fragmentos, e as elegias eróticas de Minmerno se perderam, por exemplo. Mas ainda dá para se divertir muito com a obra de Catulo. É interessante observar que naquela época já existiam metáforas como salsicha, figo e buraco para se falar de coisas que ainda hoje temos a insistente mania de não chamar pelo nome. Em um sábado ensolarado, de forte vento, imaginei um futuro distante, em que a nossa cultura, aterrada, em escombros, estivesse sendo pesquisada cuidadosamente por arqueólogos. Eles poderiam, quem sabe, encontrar a capa de uma revista que eu acabara de observar em uma banca de jornais na avenida Paulista: três mulheres peladas, em fila, uma segurando a cintura da outra, e a seguinte chamada: Piiiuuuííííí!!!!