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Mostrando postagens de 2004

programa de jóias

Especialistas aconselham não dormir com a televisão ligada, mas para quem gosta da tecla sleep, dou o meu conselho. Depois que comprei um aparelho para o meu apartamento, descobri um ótimo sonífero. São os programas noturnos que vendem jóias. A imagem é quase sempre a mesma: a mão, as orelhas ou o colo de uma mulher. O que varia é a joia que enfeita (ou não) estas partes do corpo desta mulher ou mulheres não identificadas. Muitas nem são bonitas, mas é bom dormir olhando para ouro, brilhantes, esmeraldas e outras coisas do gênero. Relaxante.

gíria

Agora pouco vi um cara falar com outro algo do tipo: "Ainda não tenho seu telefone, cabeção". No momento achei normal, mas depois pensei que se nunca tivesse ouvido esta gíria antes, iria estranhar muito. Realmente, da primeira vez que ouvi, estranhei. A imagem de uma pessoa com uma cabeça bem maior do que o normal é esquisita, e é isso o que imaginei nas primeiras vezes em que ouvi esta palavra. Mas agora, acho que estou me acostumando e "cabeção" daqui a pouco terá mesmo efeito de "cara", "meu" e de outras mais restritas como "mano", malandro", "campeão", "simpatia", etc.

ela merece

Em frente a uma favela isolada na marginal Tietê um imenso outdoor, como se fosse a voz dos moradores: a foto de uma menina sorridente segurando um cartaz: "Marta, ela merece ficar" Será que não foi uma idéia infeliz colocar o outdoor justo naquele lugar? Não é nada contra a Marta, mas facilmente alguém pensaria: "Mas por que ela merece ficar? Por causa desta favela? Por que aqueles moradores estão satisfeitos com toda aquela pobreza? Não entendi.

polícia e perfume

Estes dias vi na Paulista uma policial parada em frente a um vendedor ambulante. De imediato pensei que estava fiscalizando. Mas não. Estava mesmo interessada no produto. Eram perfumes. Provavelmente imitações. Achei estranho, pois sempre imaginei as policiais pessoas tão machas, tão machas, que seriam incapazes de se interessar por um perfume. Curiosidade: Ontem vi perto da estação da Luz uma mulher na rua vendendo perfumes em frascos embalados em bandejas de isopor e filme plástico, como presunto.

apito

Com esta mudança da empresa, sinto-me cada vez mais uma operária. Como trabalho uma hora a menos do que a maioria dos meus colegas, saio junto com o pessoal da gráfica. Pego o ônibus fretado, no qual tem uma média de 40 homens para 3 mulheres, diferente da turma da vinda, predominantemente feminina e jovem. Na ida, toca algo como Kid Abelha e Djavan. Na volta ouço música sertaneja e gracinhas masculinas. Tem um cara que insiste todo dia em abrir a janela e sempre tem um desavisado atrás que vai tomando vento e passando frio até todos reclamarem para que se feche o vidro. Este pessoal chega às 7h da manhã na empresa e acorda lá pelas 5h ou muito antes. Eu não acordo tão cedo assim, mas bato ponto, pego ônibus fretado e trabalho ao lado de indústrias como Bunge Alimentos e Roche, e às 17h, quando saio para pegar a condução, ouço um apito na gráfica e observo os funcionários se encaminharem para o vestiário. Então, sozinha, esperando-os chegar, lembro daquela música: "Quando o ap

mendigos 3

Os mendigos do Brás rendem muitos textos. Faz tempo que não os vejo. E isto é estranho, pois encontrava-os todos os dias sempre no mesmo lugar. Vocês que leram meus posts antigos já devem imaginar minhas desconfianças. (As notícias sobre assassinatos de moradores de rua.) Pelo que lembro, da última vez que os vi, tinham visita. Na calçada, desta vez, havia três sofás e a visita dormia em um deles. Será que os sofás vieram de uma das várias lojas de móveis da Celso Garcia? Não, acho que não. Eram muito velhos. Pois é, não encontrei mais os moradores da calçada do Brás. Espero que estejam bem. De agora em diante, dificilmente tornarei a vê-los, pois não trabalho mais lá. Nesta segunda iniciei o trabalho em outra sede. Da minha mesa, vejo a rua, e isto é muito bom. Posso ver os caras da borracharia trabalhando , as crianças brincando e os carros passando.

no alfaiate

Durante as férias, quando o ócio começa a tomar conta de mim, começo a ter idéias, como transformar uma calça velha em bermuda, etc. Então resolvi passar no alfaiate do meu pai. Expliquei para ele, mostrei o comprimento, onde seriam feitas as barras, e ele falou: "Pequenininho, né?" Não entendi e dei uma risada sem graça, fingindo que entendia. Depois que deixei o lugar, tive um estalo. Entrei no carro rindo e contei o episódio para o meu pai, que estava me esperando. Entre as risadas, meu pai falava: "Ele imaginou um homenzinho, hahaha".

aos visitantes

Caros visitantes, desculpem-me pelos dias sem escrever, mas é que não tive muito tempo para pensar em posts nos últimos dias. Não sei se preciso de mais tempo com os outros ou de mais tempo comigo mesma para ter novas idéias.

pontos finalíssimos

Quando pequena, tive uma fase em que não podia deixar nenhuma falha de caneta no ponto final. Ele tinha de ser totalmente redondo, completo e maciço. Era realmente chato ter que se preocupar com cada um deles, mas tinha medo de que as palavras fugissem da frase.

necessidades inventadas

Já discuti com várias colegas que teimam em acreditar que fazer unha ou se depilar é uma necessidade feminina. Algumas usam o argumento de que é um hábito de higiene, outras chegam a se justificar dizendo que os pelos das pernas incomodam e é praticamente impossível conviver com eles. Nada disso me convence. Daria mais razão a alguém que dissesse que a maior necessidade de cultivar estes hábitos é a vaidade, uma questão estética ou a cobrança da sociedade e a falta de coragem de se impor à ela. Reconheço que é difícil para uma mulher brasileira usar uma regata quando não depilou as axilas. Conheço meninas que já fizeram isto e viraram alvo de riso para os homens e de crítica para as mulheres. Mas amigas, não me venham dizer que vocês precisam se depilar ou fazer as unhas, por favor. É tão difícil assim assumir que vocês fazem isto porque gostam, porque se sentem mais bonitas ou porque não conseguem ignorar o preconceito dos outros?

orkut 2

(visto de um dos ângulos) Agora os fazendeiros estão fazendo o rastreamento de sua boiada, uma exigência do governo para a exportação. Os seres humanos também gostam de fazer parte de um sistema de rastreamento. Um deles para mim, é um orkut. Mas isso, eles fazem por conta própria. "Sou como rês (...) desta multidão boiada, caminhando a esmo" Me perguntaram: Você conversa com estas pessoas da sua lista do orkut? Respondi: Praticamente não. É como uma carteira onde você guarda as fotos dos seus amigos.

não, não é papo de sapata

Dentre as belezas femininas estampadas nas ruas, em fotos, capas de revistas ou outdoors, uma tem me chamado a atenção há cerca de um mês. De dentro do ônibus, a vejo durante a ida e a volta do trabalho. Na ida ela está em um outdoor da Augusta, e na volta, em um ponto de ônibus da praça da República. É a moça que faz a propaganda para o novo shampoo Seda Guaraná Active. Ela tem um rosto muito bonito. Será que só eu reparei nisto? obs- Acho que os homens já devem ter percebido que as mulheres, além de reparar na beleza dos homens, também reparam na beleza das mulheres, às vezes até com mais intensidade, atenção e precisão. São suas amigas, mas também concorrentes.

mais uma de mendigos

Em uma das vezes que minha mãe veio para São Paulo, fomos passear, como de costume, no Bexiga, onde visitamos aquelas maravilhosas padarias com pão e outros produtos italianos. Almoçamos em uma cantina italiana e fomos a pé até a Paulista. No caminho, um homem sentado na calçada também fazia a sua refeição, acho que naquelas embalagens de alumínio para marmita. Interpelou-nos: Servidas? A pergunta foi tão inesperada que respondi automaticamente: "Não, obrigada". Afinal de contas, já estávamos satisfeitas.

orkut

Tenho certo receio de estar no orkut. Sem que ninguém exigisse eu me cadastrei e coloquei vários dados da minha vida a disposição de quem quiser. Alguns mais exaltados colocam endereço completo, telefone e celular. Agora, através de minhas comunidades, os outros podem descobrir em quais escolas estudei, onde morei, quam são meus amigos ou conhecidos. E através dos meus amigos podem saber mais e mais sobre mim. E qual o problema disto? Não posso calcular. Mas se um dia eu quiser fugir da cidade, do país, sei lá, talvez não seja difícil me encontrar. Mesmo que eu saia do orkut, não sei se meus dados serão realmente apagados.Eu sei, existem diversas maneiras de me encontrarem, estou dando apenas um exemplo. Acho que são dúvidas comuns a muitos que fazem conta de e-mail, usam o banco pela internet e outras coisas do tipo. Mas estas informações teoricamente estão guardadas para um grupo restrito. No orkut, não. Estão para qualquer um. Eu mesma já vasculhei a vida de muito gente, a sorte

pretexto para anunciar um blog

estes dias entrei no http://pulmaocabeludo.blogspot.com e parece que o blog chegou ao fim. O dono não quer mais postar porque está frio. Quer esperar a primavera, "quando tudo são flores, quando tudo é amor". O Sávio tem cada coisa... Só queria avisar que em São Paulo, pelo menos, tem feito uns dias bem quentes.

eu comigo mesma

Voltei a escrever no meu diário. Em todos estes anos já acumulei uma razoável pilha deles. Este negócio de blog influenciou a minha volta ao diário. Pensando pelas ruas o que escrever neste espaço, percebo que não gostaria de tornar algumas coisas públicas. Meu diário já sabe do blog, e agora o blog já sabe do diário. Pronto, já fiz as devidas apresentações.

mendigos

Há dias tenho pensado em escrever sobre o mendigo do Brás, que encontro diariamente quando atravesso a rua a caminho do trabalho. Agora aparecem estas notícias nos jornais sobre o espancamento e assassinatos de moradores de ruas. Hoje, quando o ônibus passou pela Sé, olhei um cobertor largado perto de um muro com alguns utensílios. Os pensamentos já vieram à cabeça. Mas acho que não só na minha, pois imediatamente o cobrador começou a conversar sobre o assunto dos mendigos com o motorista. O motorista, um cara muito mal-humorado, fez a seguinte observação: "eles não querem dormir no albergue pois lá têm regras, têm horário para dormir, têm que tomar banho, etc" Perto do ponto, penso: "será que vou encontrar o mendigo?". Sim, ele estava lá. Deitado com seu cobertor cinza, como sempre, desta vez de barba feita e cabelos cortados. Quem será que fez sua barba? Fico pensando. Agora, quando vejo as notícias sobre "moradores de rua" nos jornais, sempre procuro

aprendendo a dançar

"eu não sei dançar tão devagar para te acompanhar" estou aprendendo, ou tentando pelo menos, a dançar. Fico indignada pois não consigo entender a lógica os as sutilezas da dança a dois. Parece tão fácil, tão banal, mas eu tenho grande dificuldade. Descobri coisas importantes: o "cavalheiro conduz a dama", ou seja, o homem conduz a mulher. Isto já é um grande problema. Os caras geralmente reclamam: "olha, deixa que eu levo". Pois é só dar a mão ao rapaz e já saio dançando da minha maneira. Dançar sozinha é muito bom, você mexe os braços para onde quiser, vira do jeito que quiser e rebola do jeito que quiser. Não tem ninguém para encher o saco: olha, você está pulando demais, olha, você está rebolando demais, olha, você tem de mexer só o quadril, ou então, do quadril para baixo. Talvez eu tenha uma barreira psicológica para aceitar ser conduzida por um homem. Soa muito machista para mim, mas se eu quiser mesmo aprender, terei que aceitar esta idéia. A

malícia demais faz mal

As pessoas que me conhecem em geral me consideram ingênua. Estava hoje vendo uns chaveiros em uma lojinha. Aqueles bregas de ursinhos e cachorrinhos fofinhos. Preciso de chaveiros para as cópias das chaves de minha casa, pois às vezes preciso deixá-las com as visitas. Mas pensei, um chaveiro deste tamanho só serve para mulher, que pode colocá-los dentro da bolsa. Nenhum homem aceitaria andar com um desses por aí, pois não poderia escondê-lo no bolso da calça. Pensando isso, não percebia que a sacola que segurava estava na mesma altura da caixa de chaveiros. Ao perceber, tive um pressentimento e coloquei-a no chão. E não foi a toa, pois minutos depois dois homens comentar com a vendedora: "Olha, tem que prestar atenção. As pessoas vêm com sacolas e jogam as coisas para dentro". Por que será que falavam aquilo, por que será que tiveram aquele pensamento justamente naquela hora? Fiquei com raiva. Na certa, desconfiavam de mim. E então porque não me pediram para olhar a minh

botinhas brancas

Agora, voltando do trabalho, vi botas brancas em uma vitrine de uma loja da Paulista. Lembrei então de ontem à noite, às 3 h da manhã, quando eu e mais três colegas de trabalho voltávamos de uma festa. Um deles fez um comentário crítico a respeito das botas brancas de uma outra colega que estava na festa. Realmente, as botas dela também não passaram batidas para mim. Em um momento da noite, elas convidaram meus olhos brevemente. Mas no carro, comentei: "Tirando todo o preconceito do mundo uma bota branca é apenas uma bota. E branca". Ele deve ter concordado, pois disse: "Boa, Lúcia" Hoje, lembrando desta passagem, pensei: "Nunca tive vontade de usar botas brancas. Nem são bonitas. São feias." Mas meu pensamento, que se remetera à minha infância, sem me avisar, fez-me discordar de mim mesma. Aos cinco anos, eu tive uma bota branca. Era de plástico e da Xuxa. Minha mãe, é lógico comprou contra a sua vontade. Acho que nem eu, nem ela, nem ninguém sabe com

uma marca de jeans

Hoje, voltando do trabalho, no ônibus, olhava atenta para fora. Teria de encontrar aquela lixeira do Brás. Uma adesivo na janela com figuras de gestantes e idosos me atrapalhava. Enfim, o ônibus passou por ela. Eu anotei então a palavra que faltava para eu completar a frase: Holiguens. Há quanto tempo tentava completar a frase que havia visto naquela lixeira... "A cidade não anda nua a cidade veste Holiguens" Demais, não?

Olá

Começo hoje no meu blog. Em uma manhã de trabalho. Sempre pensei em começá-lo usando uma frase que anda na minha cabeça faz tempo. Perto do meu último apartamento em Florianópolis havia um barzinho chamado Bar do Billy. Além de bebidas, servia almoço. Sempre que passava em frente do local pensava no seguinte slogan: Bar do Billy. Coma e vomite até a bile. Podem achar ridículo, mas não podia controlar. O slogan quase sempre entrava nos meus pensamentos. E o duro é que ele estava engasgado até hoje. Mesmo depois de seis meses em São Paulo. Tive de vomitá-lo aqui. Desculpe-me.