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Mostrando postagens de 2007

a mulher no restaurante

Ficava curioso com aquela moça que às vezes aparecia no restaurante. Já havia ficado meses sem aparecer, já havia também aparecido duas vezes na mesma semana. Aquela noite havia aparecido novamente; desta vez tarde, quando faltava pouco para o expediente se encerrar. Chegou sozinha, como na grande parte das vezes. Depositou seus livros, a bolsa, o casaco em cima da mesa. Vinha direto da rua, um pouco cansada, já um pouco zonza de conviver o dia todo com a agitação, o barulho e as malícias da grande cidade. Sentou-se satisfeita, como dissesse “agora é hora do meu descanso”. Ela observou uma mesa com amigas e mais duas com casais. Já devia saber o que iria pedir, pois foi só o garçom chegar à mesa, que ela fez o pedido sem hesitar. Havia olhado o cardápio brevemente, como se já o conhecesse muito bem. Na sua experiência de garçom, de longos anos, já havia visto muitas mulheres sozinhas no restaurante, mas essa chamava sua atenção: não só por ter ido ao restaurante vezes suficiente para q

aqueles raros momentos

Como disse no post anterior, estou sozinha em casa, gripada, nesta noite de sábado. Mas coisas boas acontecem também nessas horas. Uma delas é que, ao escrever, olhei para a janela do meu quarto e vi a lua, uma meia lua, que amanhã será crescente. Raramente vejo a lua da janela do meu quarto. Inclusive, durante mais de um ano achei que isso não era possível, que a posição da minha janela impedia tal proeza. Foi quando numa madrugada em que estava acordada percebi meu quarto se clarear todo, com uma luz que não parecia a lâmpada acesa do apartamento em frente ao meu. Era uma luz bonita, de outra cor, serena, fantástica. Era difícil acreditar, quando olhei o céu, que uma lua cheia maravilhosa vinha nos visitar, vinha fazer parte da vista da minha janela. Lembro que aquela descoberta e a presença da lua tornou aquele momento muito mais especial. Não sei quanto às outras pessoas, talvez nem se lembrem, talvez nem a viram. Aliás, quantas vezes a lua não deve ter feito parte da vista da minh

depois de tanto tempo

Depois de tanto tempo Depois de oito meses sem escrever nada neste blog, tenho minhas dúvidas de que alguém ainda tenha a paciência de entrar aqui. Há algumas semanas ou meses venho pensando em escrever, guardando algumas idéias, porém só hoje consegui arrumar um tempo. Fui obrigada a arrumar um tempo. Já que estou gripada e, em vez de ir a uma festa de aniversário de um amigo, que imagino que será bem divertida, estou tendo de passar a noite de sábado sozinha, em casa. Ao fundo escuto uns exercícios de técnica vocal gravados por um coralista que está contribuindo bastante para aumentar a monotonia deste momento. Ao som do piano, vozes femininas ou masculinas cantam “uuuuu” ou “oooooo” e “brrrrrrrrr”. E além disso, ouço a professora, com voz cuidadosa, dar instruções como “agora só sopranos e tenores”. Bem... a gravação acabou agora e eu me sinto mais aliviada. Não tenho esperanças de escrever nada grandioso ou surpreendente hoje, afinal seria esperar muito depois de tanto tempo sem p