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Mostrando postagens de junho, 2005

celofanes e purpurinas

Durante a minha infância ouvi, não lembro se de uma peça de teatro infantil, se de um filme ou de uma criança curiosa, que os fantasmas quando morriam viravam papel celofane. Lembrei disto hoje, quando procurava papel para enfeitar uma cesta de doces para a festa junina. Pensei a princípio, enfeitá-la com celofane vermelho, mas acabei optando pelos papéis de seda, que podiam ser vendidos avulsos. Na loja, havia celofanes de várias cores e os transparentes eram um pouco mais baratos. Mas os rolos com várias folhas eram mais opacos. Não tinham a transparência, a delicadeza e a fineza de uma folha sozinha, solta ao vento. Às vezes tenho a impressão que são como aquelas gelatinas sem sabor em lâminas, que ao contato com qualquer água morna, dissolvem-se. E penso, quantos fantasminhas plufts, gasparzinhos e camaradas não estão hoje nas papelarias e lojas de artigos para festas? Esperando para enfeitar aniversários infantis, festas juninas, beneficentes e escolares. Fazendo companhia a eles,

e uma boa hora para o senhor também

Na empresa, atendi o telefone. Ajudei um senhor a resolver o seu problema, e ele, agradecido, disse-me na despedida: “Que a Nossa Senhora do Bom Parto lhe dê uma boa hora. Realmente, eu precisava de boas horas naquele trabalho. Achei muito interessante este modo de enxergar as coisas. Ao invés de se falar “uma boa tarde”, ou “um bom dia”, se falaria “uma boa hora”. Agora porque justo a Nossa Senhora do Bom Parto foi escolhida para cumprir esta função, e não um Nossa Senhora qualquer, eu não sei. Educadamente, retribuí a cortesia: “Para o senhor também”. E ele respondeu: “Ei, para mim não”.

horário de almoço na Paulista

Era horário de almoço. Um bando de grandes homens engravatados, todos de terno em variados tons de cinza na calçada, vindo em minha direção. Entramos no mesmo local: um pequeno shopping na Avenida Paulista. Eu continuei andando pelos corredores, mas o grupo parou, como num consenso. Uma mulher que cruzava o meu caminho, olhava para a grande reunião de homens de terno e falou ao seu companheiro: “Eles gostam de brincar!”. Olhei para trás: estavam todos amontoados olhando atenciosamente para uma vitrine. Atrás dos vidros, dois cachorrinhos filhotes, branquinhos e fofinhos, brincavam um com o outro.

era quase meia-noite de sábado

Uma matéria sobre uma pesquisadora de blogs saiu no jornal da Unicamp desta semana. O início do texto me chamou atenção. Ficou gravado fortemente na minha memória. Era um trecho de um post de uma moça de 23 anos. Há poucos dias fiz 24, portanto a minha identificação com a menina foi grande. E principalmente com o tema , que apesar de se tratar de uma situação dela, com algumas variações, imaginei que poderia muito bem ser minha também. Ela falava mais ou menos assim com o leitor: "Veja a gravidade da minha situação. Tenho 23 anos. É quase meia-noite de sábado e eu estou costurando os buracos da minha calcinha". Bem, sexta-feira à noite, eu com meus recém-inaugurados 24 anos, estava em um bar, transbordando cerveja e provavelmente falando besteira. Porém 24 horas mais tarde estaria em casa, sozinha, estudando. Lembrei que havia deixado algo na máquina de lavar. Resolvi pendurar. Sim, era quase meia noite de sábado e eu estava pendurando minhas calcinhas no varal. Mera coincidê

meus posts no divã

Coloquei alguns dos meus posts na terapia. Gasto uma nota preta por mês por causa disso. Mas os mais rebeldinhos estavam me dando muito trabalho. Deixavam escapar minhas inseguranças, meus receios e minhas causas mal resolvidas. Agora toda semana, estiram suas perninhas no divã, e naquele ambiente a meia-luz, distraem-se olhando para os seus sapatos e para a parede, dizendo malcriações para o analista. E os safados ainda tem a coragem de me culpar pelos seus defeitos. Haja paciência!

lamento

Fazer uma segunda faculdade nos permite observar muitas coisas que seriam praticamente impossíveis de serem notadas quando éramos apenas calourinhos.Tantas coisas se repetem! Nas lotadas salas do curso de Letras identifico aqueles famosos tipos de alunos da minha antiga turma do jornalismo. Claro, cada qual com suas peculiaridades. Mas sempre presentes, talvez em todas as turmas de todos os cursos, neste ano, nos anos passados, no ano que vem, no próximo e no próximo... Mas há uma coisa que se houvesse percebido no meu primeiro ano de faculdade, ah... quanta diferença faria! Depois de dois meses freqüentando as aulas percebi que estudo com muitos colegas de 17 ou 18 anos. Que fazem perguntas, que fazem provas, trabalhos e riem das piadinhas dos professores. Alguns, nos trabalhos em grupo, editam e corrigem os textos e as idéias dos participantes com ar de doutores recém saídos do terceirão ou do cursinho. Fazem perguntas óbvias aos professores como quem acaba de descobrir uma grandiosa

esta contagem já está me chateando

Olha, cansei de perseguir os "além de" (ou será que são eles que me perseguem?) Vou registrar mais estas duas ocorrências e espero não registrar mais, pois já cansei desta brincadeira. O Estado de S. Paulo, 01/06/2005 - Caderno 2- Muito além de 'A Escrava Isaura' O Estado de S. Paulo, 02/06/2005 - Caderno 2- Muito além das mesas-redondas de futebol Creio que agora já devo ter convencido o leitor mais incrédulo de que o meu post vamos contar comigo tem fundamento. Agora quero encerrar esta contagem. Porém, não sei se vou resistir.