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Mostrando postagens de julho, 2006

a gota de detergente

Estava ontem na Paulista, esperando para atravessar a Augusta. Eu e mais uma multidão de gente, pois era início de noite, e então havia aquele movimento típico do pessoal que sai em massa do trabalho. O carros não paravam de passar, e muitos deles viravam da Paulista para a Augusta de repente. Os pedestres esperavam o sinal ficar verde. Eu, que moro nesta região, sei que a luz verde do sinal de pedestres naquele pedaço é coisa raríssima. Mesmo assim esperava, junto a todos. Eis que uma moça resolve abandonar a multidão e atravessar a rua, pouco se importando se havia carros ou não. Em um instante, todo o pessoal avançou também, acompanhando-a. De repente, a rua foi tomada por pedestres caminhando nos dois sentidos. Os carros, que saiam da Paulista ar na Augusta, tiveram de se virar. Pois estava decidido que a vez não era mais deles, apesar de o sinal estar aberto. Os pedestres dominavam. Os carros ficaram parados, formando uma fila que invadia parte da Avenida Paulista. Fiquei impressi

Felisberto

Às vezes nem sentia falta dela, às vezes nem lembrava que ela existia. Chegava a pensar que havia sido melhor assim. Afinal, o que faria junto de uma pessoa que não gostara dele? Ou gostara? Bem... melhor pensar que não... Bem... e se tivesse gostado, o que adiantaria, se hoje não gostava mais, se nem sequer devia lembrar-se de sua existência, se estava apaixonada por outro? Felisberto tentava pensar em todas as coisas que havia ganhado com o término de seu namoro: mais amigos, mais tempo, havia voltado-se mais para si mesmo. Lera mais, procurara novas músicas para ouvir, assistira a diversos shows, concertos, filmes. Participara de mostras, festivais, circuitos do que quer que seja. Estava também escrevendo mais, apesar de achar que sua idéia fixa na ex o fizera perder um pouco a criatividade. Sentia-se chato, repetitivo em seus textos; só sabia falar de si mesmo, não conseguia reparar em coisas interessantes ao seu redor. Passou então, a falar de sua dor usando outros personagens. Fa

eu percebi

Hoje vou falar dum lado feio. Afinal, quem eu quero impressionar? Como quase todos os dias, saio atrasada de casa. Pretendo falar sobre isso ainda num post posterior. Saio correndo até o elevador. Se ele não está no meu andar, espero ansiosa. Saio correndo, o que provavelmente faz o porteiro se apressar para mandar abrir o portão. Do portão, saio correndo até a esquina, para atravessar a rua. Se o sinal está fechado, espero ansiosa. E às vezes, se estou distraída e vejo alguém atravessar a rua, vou junto na inércia, sem me tocar se o semáforo está verde ou vermelho. Quando me toco que está vermelho, fico brava, pois percebi que nem me toquei direito do que estava fazendo. Bem... mas então assim que o sinal fica verde, eu saio em disparada como uma boiada que passa por uma porteira aberta. Corro o quanto posso até o metrô. Quando estou muito atrasada, não me satisfaz o ritmo da escada rolante. Na escada rolante, vou descendo os degraus, e já tirando o bilhete da bolsa, para não perder t

origami

Um sapinho verde, um tsuru azul e um pássaro laranja. Os três pequenos origamis amontoados sobre a escrivaninha, do lado do aparelho de DVD. Arrumo-os com carinho e eles retornam ao seu lugar. Lembro da época em que os adquiri, há uns 4 meses: no ônibus, em uma tarde, voltando para casa. A viagem duraria cerca de uma hora. Um moço sentado a minha frente, tinha um livro nas mãos. Reconheci: ORIGAMI. Minha mãe o comprou quando eu era pequena. Trazia vários papéizinhos quadrados, fininhos e coloridos, e eu tentava seguir as explicações do livro para fazer as dobraduras. Me diverti bastante e cheguei a fazer as dobraduras do início, que eram mais fáceis. Às vezes arriscava, sem muito sucesso, aquelas tão bonitas dos níveis mais avançados. Depois o livro foi para a prateleira. O livro do moço parecia ser novo, além do mais que ele tinha ainda vários papéis coloridos. Começou então a fazer as dobraduras, e eu, atrás, observando. Reconheci os formatos. Ele não precisava consultar o livro, já