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Mostrando postagens de setembro, 2011

tem sobrando?

Desci do ônibus, no meio do caminho entre Augusta e Consolação. Por qual das duas seguir? "Ah, Consolação de novo, não". Direcionei-me para a Augusta. Pela calçada, passo em frente a um homem, velho, de barbas compridas e brancas, sentado no chão. Olho discretamente para ele. Não queria que ele percebesse que eu o queria olhar. Queria disfarçar minha curiosidade. Percebi que foi em vão quando escutei algo como: "Tem sobrando?". Não sei ao certo se foi isso que ele falou. Só sei que em centésimos de segundos eu já estava com uma expressão de quem pede clemência, respondendo: "Não, não tenho". Com a mesma velocidade, voltei o rosto a para frente, continuando a caminhada. O gesto foi rápido, mas a reverberação em meu coração foi mais lenta. Queria que fosse ignorado o fato de que eu estava em pé e ele sentado no chão sujo. Queria que não me fizesse pensar se eu tinha ou não algo sobrando. E se, em relação a ele, eu tinha algo sobrando. E o pior é que o homem