Ficava curioso com aquela moça que às vezes aparecia no restaurante. Já havia ficado meses sem aparecer, já havia também aparecido duas vezes na mesma semana. Aquela noite havia aparecido novamente; desta vez tarde, quando faltava pouco para o expediente se encerrar. Chegou sozinha, como na grande parte das vezes. Depositou seus livros, a bolsa, o casaco em cima da mesa. Vinha direto da rua, um pouco cansada, já um pouco zonza de conviver o dia todo com a agitação, o barulho e as malícias da grande cidade.
Sentou-se satisfeita, como dissesse “agora é hora do meu descanso”. Ela observou uma mesa com amigas e mais duas com casais. Já devia saber o que iria pedir, pois foi só o garçom chegar à mesa, que ela fez o pedido sem hesitar. Havia olhado o cardápio brevemente, como se já o conhecesse muito bem.
Na sua experiência de garçom, de longos anos, já havia visto muitas mulheres sozinhas no restaurante, mas essa chamava sua atenção: não só por ter ido ao restaurante vezes suficiente para que os garçons gravassem sua fisionomia, mas por ter algo especial, por parecer fazer questão de ir sozinha tantas vezes, enquanto poderia esperar um momento em que tivesse companhia. Além do mais era uma mulher bonita, dessas que qualquer um poderia perguntar: “O que faz uma mulher tão bonita estar sentada sozinha?”. Ele achava que ela tinha uma beleza elegante, uma fineza no jeito de ser.
Mas gostava era do momento que ela levava o copo de chop pela primeira vez à boca. Costumava admirar a espuma branca e cremosa e dava um gole de prazer. A partir daí o mundo ao redor ia ficando longe para ela, que ia se absorvendo cada vez mais nos pensamentos. Na face, um pouco de tristeza, um pouco de esperança; às vezes o brilho no olhar tornava-se mais intenso. As memórias a distraíam. Alguns lugares do restaurante também lhe despertavam lembranças.
O garçom já a havia visto com algumas companhias: alguns namorados, dois ou três, uma vez com família, outras vezes divertindo-se com amigos, uma vez quase chorando com amigos. Os namorados passaram, os amigos se revezavam, mas ela, sozinha, vira e mexe voltava. Talvez pensasse em um amor do passado, que já estivera com ela naquele lugar, talvez até pedisse o mesmo prato, só para recordar. Talvez pensasse em um amor futuro. Talvez não pensasse em nada disso.
Mas nenhum amor daqueles a olhava agora, talvez nem lembrasse dela, ou talvez ainda não a conhecesse. Nenhum namorado podia olhar agora aquela beleza, muito rara para ele, simplesmente porque geralmente vive na sua ausência. É a beleza da mulher quando está sozinha, com ela mesma, que curte e aproveita as riquezas de sua solidão. Nesse momento ela se fortalece, alimentando seus mistérios, seus pensamentos e sentimentos inatingíveis.
Ela pagou a conta, cumprimentou alguns dos garçons, saiu com postura e a cabeça ereta, provocando uma leve brisa de esperança.
Sentou-se satisfeita, como dissesse “agora é hora do meu descanso”. Ela observou uma mesa com amigas e mais duas com casais. Já devia saber o que iria pedir, pois foi só o garçom chegar à mesa, que ela fez o pedido sem hesitar. Havia olhado o cardápio brevemente, como se já o conhecesse muito bem.
Na sua experiência de garçom, de longos anos, já havia visto muitas mulheres sozinhas no restaurante, mas essa chamava sua atenção: não só por ter ido ao restaurante vezes suficiente para que os garçons gravassem sua fisionomia, mas por ter algo especial, por parecer fazer questão de ir sozinha tantas vezes, enquanto poderia esperar um momento em que tivesse companhia. Além do mais era uma mulher bonita, dessas que qualquer um poderia perguntar: “O que faz uma mulher tão bonita estar sentada sozinha?”. Ele achava que ela tinha uma beleza elegante, uma fineza no jeito de ser.
Mas gostava era do momento que ela levava o copo de chop pela primeira vez à boca. Costumava admirar a espuma branca e cremosa e dava um gole de prazer. A partir daí o mundo ao redor ia ficando longe para ela, que ia se absorvendo cada vez mais nos pensamentos. Na face, um pouco de tristeza, um pouco de esperança; às vezes o brilho no olhar tornava-se mais intenso. As memórias a distraíam. Alguns lugares do restaurante também lhe despertavam lembranças.
O garçom já a havia visto com algumas companhias: alguns namorados, dois ou três, uma vez com família, outras vezes divertindo-se com amigos, uma vez quase chorando com amigos. Os namorados passaram, os amigos se revezavam, mas ela, sozinha, vira e mexe voltava. Talvez pensasse em um amor do passado, que já estivera com ela naquele lugar, talvez até pedisse o mesmo prato, só para recordar. Talvez pensasse em um amor futuro. Talvez não pensasse em nada disso.
Mas nenhum amor daqueles a olhava agora, talvez nem lembrasse dela, ou talvez ainda não a conhecesse. Nenhum namorado podia olhar agora aquela beleza, muito rara para ele, simplesmente porque geralmente vive na sua ausência. É a beleza da mulher quando está sozinha, com ela mesma, que curte e aproveita as riquezas de sua solidão. Nesse momento ela se fortalece, alimentando seus mistérios, seus pensamentos e sentimentos inatingíveis.
Ela pagou a conta, cumprimentou alguns dos garçons, saiu com postura e a cabeça ereta, provocando uma leve brisa de esperança.
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abraços
dr x