À noite, de volta para casa, do ônibus, ela quase sempre vê na Augusta o mendigo que durante toda a tarde fica na rua ao lado, às vezes quieto, às vezes gritando coisas sem sentido e assustando quem passa. Sim, mas é incrível como que à noite, em frente à Lanchonete Angolana, ele parece ter de volta toda a sua socialidade, sempre com um copo na mão e de vez em quando conversando com alguém. Para ela, ele sempre parecera alguém incapaz de dialogar com quem quer que fosse. Um dia, depois de meses vendo a mesma cena, ela levantou-se antes do seu ponto. Meio hesitante, apertou o botão para parar. Por um momento se arrependeu, mas quando o ônibus parou, não havia ninguém mais para descer,e ela, meio sem jeito, saltou do ônibus. A Lanchonete Angolana estava do outro lado da rua. Pensou em continuar a pé o caminho para casa, mas por que estava alí? Tomou coragem e atravessou a rua. Passou ao lado do mendigo, ele com sempre, estava na calçada, com um copo plástico na mão, e não a percebeu. Ela...