Depois do sucesso arrebatador de pontos finalíssimos (02/09/2004), que contou com a expressiva participação de 1 comentário, escrevo mais uma de minhas memórias de infância.
Às vezes, quando anoto o número de um telefone ou um número qualquer perto de uma pessoa mais observadora, ela comenta: "Nossa, como você faz o três engraçado!" Ou se não: "Olha, você faz o oito diferente!". Sim, sei explicar o porquê. É porque tenho o costume de começar a fazer alguns dos números de baixo para cima. Daí esta sensação das pessoas de que algo está estranho. E imagino que esta minha prática vem de longos anos. Pois tenho ainda forte em minha memória uma cena da minha infância em que desci para o parquinho com minha mãe carregando papéis e lápis de cor. Lembro que sentei no chão, apoiei o papel em um banco de cimento e comecei a elaborar meus desenhos, como sempre fazia. Foi que surgiu uma chilena que morava em um dos apartamentos próximos e falou:
- Que curioso! Ela começa a desenhar pelos pés!
Com a fala da mulher, interrompi meu desenho, olhei para o alto até alcançar o seu rosto e depois olhei novamente para o papel. Na folha, realmente, havia ainda dois pés e duas pernas que haviam sido interrompidas na altura do joelho, e que talvez, não fosse o comentário, poderiam muito bem já estar na altura das coxas.
Talvez alguém me pergunte: "por que começar um desenho pelos pés enquanto a maioria das crianças começa pela cabeça?". E eu diria: "vai entender o que se passa na cabeça de uma criança..." Mas esta não é a resposta pertinente para este caso, porque até hoje entendo muito bem o motivo da minha antiga técnica artística.
Afinal, como saber o local exato do papel onde se desenhar a cabeça para não correr o risco de, ao continuar o corpo para baixo, não se deparar de repente com a falta de espaço? É claro, eu não queria meus bonequinhos com pernas atrofiadas ou coisas do tipo! Queria-os o mais proporcional porssível! Dariam-me, então, a idéia de colocar a cabeça bem no alto do papel e ainda usá-lo verticalmente. Tudo bem, mas tudo depende do tamanho da cabeça! Além do mais, poderia me deparar com a sobra de espaço e também não queria meus homenzinhos flutuando no papel como astronautas! Certo, aceito o argumento de que, neste caso, poderia, então, desenhá-lo pisando em uma montanha e aí o problema estaria resolvido. Sim, uma solução razoável para o desenho chapado de uma criança, sem noções de perspectiva.
O fato é que começar minhas pessoas da base do papel, com os pés bem firmados no chão dava-me uma segurança muito maior. É como se tivesse consciência de que dificilmente acertaria o local ideal e o tamanho correto da cabeça para que o corpo coubesse proporcionalmente no papel.
Penso hoje que poderia pouco me importar com proporções, posições dos desenhos ou este tipo de coisas e começar o desenho do jeito que desse na telha. Mas preferia não arriscar... É, realmente eu gostava de ter os pés no chão.
Às vezes, quando anoto o número de um telefone ou um número qualquer perto de uma pessoa mais observadora, ela comenta: "Nossa, como você faz o três engraçado!" Ou se não: "Olha, você faz o oito diferente!". Sim, sei explicar o porquê. É porque tenho o costume de começar a fazer alguns dos números de baixo para cima. Daí esta sensação das pessoas de que algo está estranho. E imagino que esta minha prática vem de longos anos. Pois tenho ainda forte em minha memória uma cena da minha infância em que desci para o parquinho com minha mãe carregando papéis e lápis de cor. Lembro que sentei no chão, apoiei o papel em um banco de cimento e comecei a elaborar meus desenhos, como sempre fazia. Foi que surgiu uma chilena que morava em um dos apartamentos próximos e falou:
- Que curioso! Ela começa a desenhar pelos pés!
Com a fala da mulher, interrompi meu desenho, olhei para o alto até alcançar o seu rosto e depois olhei novamente para o papel. Na folha, realmente, havia ainda dois pés e duas pernas que haviam sido interrompidas na altura do joelho, e que talvez, não fosse o comentário, poderiam muito bem já estar na altura das coxas.
Talvez alguém me pergunte: "por que começar um desenho pelos pés enquanto a maioria das crianças começa pela cabeça?". E eu diria: "vai entender o que se passa na cabeça de uma criança..." Mas esta não é a resposta pertinente para este caso, porque até hoje entendo muito bem o motivo da minha antiga técnica artística.
Afinal, como saber o local exato do papel onde se desenhar a cabeça para não correr o risco de, ao continuar o corpo para baixo, não se deparar de repente com a falta de espaço? É claro, eu não queria meus bonequinhos com pernas atrofiadas ou coisas do tipo! Queria-os o mais proporcional porssível! Dariam-me, então, a idéia de colocar a cabeça bem no alto do papel e ainda usá-lo verticalmente. Tudo bem, mas tudo depende do tamanho da cabeça! Além do mais, poderia me deparar com a sobra de espaço e também não queria meus homenzinhos flutuando no papel como astronautas! Certo, aceito o argumento de que, neste caso, poderia, então, desenhá-lo pisando em uma montanha e aí o problema estaria resolvido. Sim, uma solução razoável para o desenho chapado de uma criança, sem noções de perspectiva.
O fato é que começar minhas pessoas da base do papel, com os pés bem firmados no chão dava-me uma segurança muito maior. É como se tivesse consciência de que dificilmente acertaria o local ideal e o tamanho correto da cabeça para que o corpo coubesse proporcionalmente no papel.
Penso hoje que poderia pouco me importar com proporções, posições dos desenhos ou este tipo de coisas e começar o desenho do jeito que desse na telha. Mas preferia não arriscar... É, realmente eu gostava de ter os pés no chão.
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