Às vezes nem sentia falta dela, às vezes nem lembrava que ela existia. Chegava a pensar que havia sido melhor assim. Afinal, o que faria junto de uma pessoa que não gostara dele? Ou gostara? Bem... melhor pensar que não... Bem... e se tivesse gostado, o que adiantaria, se hoje não gostava mais, se nem sequer devia lembrar-se de sua existência, se estava apaixonada por outro?
Felisberto tentava pensar em todas as coisas que havia ganhado com o término de seu namoro: mais amigos, mais tempo, havia voltado-se mais para si mesmo. Lera mais, procurara novas músicas para ouvir, assistira a diversos shows, concertos, filmes. Participara de mostras, festivais, circuitos do que quer que seja. Estava também escrevendo mais, apesar de achar que sua idéia fixa na ex o fizera perder um pouco a criatividade. Sentia-se chato, repetitivo em seus textos; só sabia falar de si mesmo, não conseguia reparar em coisas interessantes ao seu redor. Passou então, a falar de sua dor usando outros personagens. Falar em primeira pessoa estava ficando um porre e além do mais, ao usar outros personagens, tinha ainda a possibilidade de inventar algumas coisinhas para tornar a história mais interessante do que a sua vida, que julgava ser tão desinteressante.
Eram seus personagens agora quem passavam por seu sofrimento. De vez em quando inventava personagens femininas, para que pelo menos a mulher criada por ele pudesse entender o que estava passando, já que a que ele amava pouco se importava. Estava muito entretida com outras coisas.
Porém, às vezes Felisberto deixava os sentimentos chegarem, e às vezes vinham tão forte que o derrubavam na cama. Percebia que a falta dela era enorme ainda, e isso doía. E já que doía, ele aproveitava para cultivar a dor com as lembranças. E aí lembrava, lembrava... Lembrava daqueles momentos que ela parecia amá-lo tanto. Lembrou-se até de que ela ficava triste quando ele ausentava-se. Lembrava de seus olhos felizes ao acordar, lembrava do medo que ela tinha de ele terminar. Será que ela não imaginava que seria ela quem terminaria, que hoje ele estaria rodeado de lembranças enquanto ela apagaria facilmente tudo da memória?
Queria achá-la feia, burra, chata, sei lá o que. Mas não achava. Havia se apaixonado, portanto, desde o primeiro dia em que ganhara o seu amor, teve medo de perdê-lo. E será que realmente algum dia o ganhara? Triste medo que o acompanhou... Acabou perdendo mesmo. O que sobrou para ele? Talvez só a oportunidade de dizer: “Eu não disse? Eu tinha razão”. Mas no dia em que tudo aconteceu, sequer disse isso. Não teve vontade. Percebeu que mesmo tendo razão, isso nada adiantaria.
Felisberto tentava pensar em todas as coisas que havia ganhado com o término de seu namoro: mais amigos, mais tempo, havia voltado-se mais para si mesmo. Lera mais, procurara novas músicas para ouvir, assistira a diversos shows, concertos, filmes. Participara de mostras, festivais, circuitos do que quer que seja. Estava também escrevendo mais, apesar de achar que sua idéia fixa na ex o fizera perder um pouco a criatividade. Sentia-se chato, repetitivo em seus textos; só sabia falar de si mesmo, não conseguia reparar em coisas interessantes ao seu redor. Passou então, a falar de sua dor usando outros personagens. Falar em primeira pessoa estava ficando um porre e além do mais, ao usar outros personagens, tinha ainda a possibilidade de inventar algumas coisinhas para tornar a história mais interessante do que a sua vida, que julgava ser tão desinteressante.
Eram seus personagens agora quem passavam por seu sofrimento. De vez em quando inventava personagens femininas, para que pelo menos a mulher criada por ele pudesse entender o que estava passando, já que a que ele amava pouco se importava. Estava muito entretida com outras coisas.
Porém, às vezes Felisberto deixava os sentimentos chegarem, e às vezes vinham tão forte que o derrubavam na cama. Percebia que a falta dela era enorme ainda, e isso doía. E já que doía, ele aproveitava para cultivar a dor com as lembranças. E aí lembrava, lembrava... Lembrava daqueles momentos que ela parecia amá-lo tanto. Lembrou-se até de que ela ficava triste quando ele ausentava-se. Lembrava de seus olhos felizes ao acordar, lembrava do medo que ela tinha de ele terminar. Será que ela não imaginava que seria ela quem terminaria, que hoje ele estaria rodeado de lembranças enquanto ela apagaria facilmente tudo da memória?
Queria achá-la feia, burra, chata, sei lá o que. Mas não achava. Havia se apaixonado, portanto, desde o primeiro dia em que ganhara o seu amor, teve medo de perdê-lo. E será que realmente algum dia o ganhara? Triste medo que o acompanhou... Acabou perdendo mesmo. O que sobrou para ele? Talvez só a oportunidade de dizer: “Eu não disse? Eu tinha razão”. Mas no dia em que tudo aconteceu, sequer disse isso. Não teve vontade. Percebeu que mesmo tendo razão, isso nada adiantaria.
Comentários
nos conhecemos ja? haha...
so nao gostei do nome: felisberto... onde esta a felicidade?
valeu pelas visitas.
volte mais vezes.
beijos
b.
Não sei... o nome Felisberto veio na minha cabeça. Não sei porque. Aí não quis descartá-lo. Gosto de aproveitar essas idéias que vêm na cabeça, mesmo sem saber o sentido.
Até pesquisei o significado do nome na internet para entender melhor o porquê de ele ter aparecido. E lá dizia ilustríssimo.
Mas acho que o Felisberto vem de alguma esperança minha de que ele pode ser feliz e, aproveitando a construção do nome, a felicidade pode estar perto.