Era um lugar para dançar. Desses só para dançar. Uma colega me apontava no meio do salão dois homens que julgava dançarem bem. Um deles era o “japonezinho magrinho”. Não achei muita graça, mas ela disse: “Parece que ele é tão leve!”.
Muito tempo depois, eis que o “japonezinho magrinho” se dirige até nós. Faz uma breve inclinação com os joelhos e estende a mão. Parecia que queria dançar comigo, mas como minha colega estava do meu lado, olhei para ela. Então veio a dúvida: Afinal? Com quem ele queria dançar. Se não era com ela, fingi que sim, já que ela era a maior interessada em dançar com ele. Na música seguinte, ele dirigiu-se até mim e disse: “agora você dança comigo”. Eu não conhecia muito bem aquele ritmo, mas ele, no meio daquela barulheira, daquela confusão de casais se trombando e se pisando, ensinava-me com uma paciência de monge e com uma voz zen os passos e algumas dicas para dançar melhor. Ao final da dança, considerei-me um fiasco e até achei que ele poderia estar meio arrependido de ter me chamado.
Algumas músicas depois, inacreditavelmente, ele me tirou de novo para dançar. Desta vez era um ritmo o qual eu sabia dançar bem e foi aí que pude sentir sua leveza, já que a dança fluiu. Não senti aquele peso da condução masculina que geralmente as mulheres sentem em uma dança. Mas com toda a sua leveza, ele conduzia. Era como se eu dançasse sozinha, mas segurando uma pena em uma das mãos, e esta pena, como num passe de mágica, dizia-me o que fazer, quais passos dar, quando rodar. Eu havia transcendido, estava em um estado superior da alma, as pessoas ao redor haviam sumido para mim, a barulheira da música sumira, só restara a sua essência que ainda fazia os casais se movimentarem todos no mesmo ritmo. Já estava muito segura, quando no meio de um giro, senti uma paulada no meu cotovelo. Sim, eu girara e batera o cotovelo em sua cabeça. Não foi uma batida tão fraca, pois senti a dor refletida em mim. Quando retornei meu corpo em direção ao seu, estava desconcertada. Ele disse que não havia sido nada. Não acreditei muito, mas tentei acreditar e esquecer para poder continuar a dança.
Talvez eu já tenho feito algo do tipo com outros homens, como pisar no pé, por exemplo. Mas nada de que me lembre muito bem. Pois afinal, sabia que eles eram mais fortes e uma pisadinha aqui ou ali não faria tanta diferença. Com o “japonezinho magrinho” era diferente. Sentia-me um brutamontes. Parecia ter cometido um ato de grande violência a tamanha delicadeza. A dança acabou. O japonezinho continuou na festa, mas não me tirou mais para dançar. Acho que nem minha colega. Pensei que talvez fosse pela minha cotovelada. Talvez por achar que eu não dançava muito bem. Talvez fosse mesmo por motivo nenhum. Tentei não pensar. O que adiantaria?
Muito tempo depois, eis que o “japonezinho magrinho” se dirige até nós. Faz uma breve inclinação com os joelhos e estende a mão. Parecia que queria dançar comigo, mas como minha colega estava do meu lado, olhei para ela. Então veio a dúvida: Afinal? Com quem ele queria dançar. Se não era com ela, fingi que sim, já que ela era a maior interessada em dançar com ele. Na música seguinte, ele dirigiu-se até mim e disse: “agora você dança comigo”. Eu não conhecia muito bem aquele ritmo, mas ele, no meio daquela barulheira, daquela confusão de casais se trombando e se pisando, ensinava-me com uma paciência de monge e com uma voz zen os passos e algumas dicas para dançar melhor. Ao final da dança, considerei-me um fiasco e até achei que ele poderia estar meio arrependido de ter me chamado.
Algumas músicas depois, inacreditavelmente, ele me tirou de novo para dançar. Desta vez era um ritmo o qual eu sabia dançar bem e foi aí que pude sentir sua leveza, já que a dança fluiu. Não senti aquele peso da condução masculina que geralmente as mulheres sentem em uma dança. Mas com toda a sua leveza, ele conduzia. Era como se eu dançasse sozinha, mas segurando uma pena em uma das mãos, e esta pena, como num passe de mágica, dizia-me o que fazer, quais passos dar, quando rodar. Eu havia transcendido, estava em um estado superior da alma, as pessoas ao redor haviam sumido para mim, a barulheira da música sumira, só restara a sua essência que ainda fazia os casais se movimentarem todos no mesmo ritmo. Já estava muito segura, quando no meio de um giro, senti uma paulada no meu cotovelo. Sim, eu girara e batera o cotovelo em sua cabeça. Não foi uma batida tão fraca, pois senti a dor refletida em mim. Quando retornei meu corpo em direção ao seu, estava desconcertada. Ele disse que não havia sido nada. Não acreditei muito, mas tentei acreditar e esquecer para poder continuar a dança.
Talvez eu já tenho feito algo do tipo com outros homens, como pisar no pé, por exemplo. Mas nada de que me lembre muito bem. Pois afinal, sabia que eles eram mais fortes e uma pisadinha aqui ou ali não faria tanta diferença. Com o “japonezinho magrinho” era diferente. Sentia-me um brutamontes. Parecia ter cometido um ato de grande violência a tamanha delicadeza. A dança acabou. O japonezinho continuou na festa, mas não me tirou mais para dançar. Acho que nem minha colega. Pensei que talvez fosse pela minha cotovelada. Talvez por achar que eu não dançava muito bem. Talvez fosse mesmo por motivo nenhum. Tentei não pensar. O que adiantaria?
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