Coloquei alguns dos meus posts na terapia. Gasto uma nota preta por mês por causa disso. Mas os mais rebeldinhos estavam me dando muito trabalho. Deixavam escapar minhas inseguranças, meus receios e minhas causas mal resolvidas. Agora toda semana, estiram suas perninhas no divã, e naquele ambiente a meia-luz, distraem-se olhando para os seus sapatos e para a parede, dizendo malcriações para o analista. E os safados ainda tem a coragem de me culpar pelos seus defeitos. Haja paciência!
Em um dia qualquer de trabalho, um colega que sentava ao meu lado chegou de manhã com um livro velho nas mãos. Me mostrou e perguntou se eu queria, pois ele já tinha uma edição daquele título. Havia encontrado no térreo da empresa, em uma prateleira em que os funcionários costumavam deixar livros que não queriam mais. Era No caminho de Swann, de Proust. Aceitei, já que não tinha o livro, mas um pouco descrente de que leria logo, pois andava na correria. Ao abri-lo, tive uma surpresa. Na folha de rosto, estava escrito à caneta provavelmente o nome de sua primeira dona, Rita, acompanhado de uma data: 06/06/81. Exatamente o dia em que nasci. Até prefiro ler livros mais novos, mas, depois dessa coincidência, topei em começar a ler este exemplar de páginas amareladas, manchadas e cheirando a velho. Ainda não terminei a leitura. Fiz paradas e retomadas. Em alguns momentos de extensa descrição, cheguei a me perguntar se deveria mesmo seguir, mas o meu encanto com a fineza de pensamento e d...
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