Era horário de almoço. Um bando de grandes homens engravatados, todos de terno em variados tons de cinza na calçada, vindo em minha direção. Entramos no mesmo local: um pequeno shopping na Avenida Paulista. Eu continuei andando pelos corredores, mas o grupo parou, como num consenso. Uma mulher que cruzava o meu caminho, olhava para a grande reunião de homens de terno e falou ao seu companheiro: “Eles gostam de brincar!”. Olhei para trás: estavam todos amontoados olhando atenciosamente para uma vitrine. Atrás dos vidros, dois cachorrinhos filhotes, branquinhos e fofinhos, brincavam um com o outro.
O dia em que o encontrei considerei um dia de sorte. Estava cansada dos pedreiros enrolados e picaretas que costumavam prestar serviço no meu prédio. Mas, mesmo com poucas esperanças, fui perguntar ao porteiro se ele conhecia alguém que poderia pregar umas prateleiras e um varal, além de fazer outros servicinhos pendentes no meu apartamento. Foi quando ele apareceu. E logo o porteiro falou: "Acho que o Alemão pode". E voltando-se para ele: "Não pode, Alemão?" Alemão era diferente dos outros. Forte, largo, galego, parecia ter 1,70 de altura x 1,70 de largura. Careca, fazia-me lembrar do tio Fester da família Addams, porém, tinha uma generosidade em seu falar. Combinamos um dia para ele apaecer em casa. No dia marcado, Alemão atrasou. Os porteiros me informaram em qual apartamento ele fazia a reforma. Fui até lá. Com um moço, seu ajudante, ele trocava o piso de um apartamento vazio. Fazia o trabalho descalço, acentando aqueles grandes pisos de cerâmica no chão. S
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