Era horário de almoço. Um bando de grandes homens engravatados, todos de terno em variados tons de cinza na calçada, vindo em minha direção. Entramos no mesmo local: um pequeno shopping na Avenida Paulista. Eu continuei andando pelos corredores, mas o grupo parou, como num consenso. Uma mulher que cruzava o meu caminho, olhava para a grande reunião de homens de terno e falou ao seu companheiro: “Eles gostam de brincar!”. Olhei para trás: estavam todos amontoados olhando atenciosamente para uma vitrine. Atrás dos vidros, dois cachorrinhos filhotes, branquinhos e fofinhos, brincavam um com o outro.
Em um dia qualquer de trabalho, um colega que sentava ao meu lado chegou de manhã com um livro velho nas mãos. Me mostrou e perguntou se eu queria, pois ele já tinha uma edição daquele título. Havia encontrado no térreo da empresa, em uma prateleira em que os funcionários costumavam deixar livros que não queriam mais. Era No caminho de Swann, de Proust. Aceitei, já que não tinha o livro, mas um pouco descrente de que leria logo, pois andava na correria. Ao abri-lo, tive uma surpresa. Na folha de rosto, estava escrito à caneta provavelmente o nome de sua primeira dona, Rita, acompanhado de uma data: 06/06/81. Exatamente o dia em que nasci. Até prefiro ler livros mais novos, mas, depois dessa coincidência, topei em começar a ler este exemplar de páginas amareladas, manchadas e cheirando a velho. Ainda não terminei a leitura. Fiz paradas e retomadas. Em alguns momentos de extensa descrição, cheguei a me perguntar se deveria mesmo seguir, mas o meu encanto com a fineza de pensamento e d...
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