Em uma das vezes que minha mãe veio para São Paulo, fomos passear, como de costume, no Bexiga, onde visitamos aquelas maravilhosas padarias com pão e outros produtos italianos. Almoçamos em uma cantina italiana e fomos a pé até a Paulista. No caminho, um homem sentado na calçada também fazia a sua refeição, acho que naquelas embalagens de alumínio para marmita. Interpelou-nos: Servidas? A pergunta foi tão inesperada que respondi automaticamente: "Não, obrigada". Afinal de contas, já estávamos satisfeitas.
Em um dia qualquer de trabalho, um colega que sentava ao meu lado chegou de manhã com um livro velho nas mãos. Me mostrou e perguntou se eu queria, pois ele já tinha uma edição daquele título. Havia encontrado no térreo da empresa, em uma prateleira em que os funcionários costumavam deixar livros que não queriam mais. Era No caminho de Swann, de Proust. Aceitei, já que não tinha o livro, mas um pouco descrente de que leria logo, pois andava na correria. Ao abri-lo, tive uma surpresa. Na folha de rosto, estava escrito à caneta provavelmente o nome de sua primeira dona, Rita, acompanhado de uma data: 06/06/81. Exatamente o dia em que nasci. Até prefiro ler livros mais novos, mas, depois dessa coincidência, topei em começar a ler este exemplar de páginas amareladas, manchadas e cheirando a velho. Ainda não terminei a leitura. Fiz paradas e retomadas. Em alguns momentos de extensa descrição, cheguei a me perguntar se deveria mesmo seguir, mas o meu encanto com a fineza de pensamento e d...
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