Em uma manhã, no parque Trianon, dois senhores conversavam sentados em um banco. Entretidos no bate-papo ignoravam o banco em frente. A surpresa inicial já passara, provavelmente. O banco da frente chamava a atenção de quem passava. Nele, estava dormindo um homem, meio magro e não muito grande. Ele estava vestido com um macacão colante, com estampa de oncinha muito real, que cobria os braços e as pernas. Na cabeça, uma tiara dourada, bonita, como de princesa. Entre as sombras das árvores, o frescor da manhã e o vasto verde do parque, o homem parecia um felino descansando em seu habitat natural.
O dia em que o encontrei considerei um dia de sorte. Estava cansada dos pedreiros enrolados e picaretas que costumavam prestar serviço no meu prédio. Mas, mesmo com poucas esperanças, fui perguntar ao porteiro se ele conhecia alguém que poderia pregar umas prateleiras e um varal, além de fazer outros servicinhos pendentes no meu apartamento. Foi quando ele apareceu. E logo o porteiro falou: "Acho que o Alemão pode". E voltando-se para ele: "Não pode, Alemão?" Alemão era diferente dos outros. Forte, largo, galego, parecia ter 1,70 de altura x 1,70 de largura. Careca, fazia-me lembrar do tio Fester da família Addams, porém, tinha uma generosidade em seu falar. Combinamos um dia para ele apaecer em casa. No dia marcado, Alemão atrasou. Os porteiros me informaram em qual apartamento ele fazia a reforma. Fui até lá. Com um moço, seu ajudante, ele trocava o piso de um apartamento vazio. Fazia o trabalho descalço, acentando aqueles grandes pisos de cerâmica no chão. S
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